Complicações no parto, hérnias de disco, dentes do siso, dores nas costas e nos pés. A mesma seleção natural que permitiu à espécie humana sobreviver por milênios também é responsável por boa parte do sofrimento que a acompanhou durante todo esse tempo.
O ser humano não é um projeto acabado. Ele é produto de milhões de anos de seleção natural: uma sucessão de mudanças genéticas aleatórias que ajudaram na sobrevivência do indivíduo e se acumulam no DNA da espécie. As mudanças são lentas e nem sempre levam em conta o bem-estar do indivíduo. A prova disso está no próprio corpo do Homo sapiens — mais precisamente, nas falhas desse corpo. A dor de dente, a hérnia de disco, o joanete e o complicado parto humano são algumas das mostras de que o homem surgiu a partir de uma enorme sucessão de tentativas e erros — e não foi feito para durar muito. “Desde Darwin sabemos que não somos perfeitos. A evolução produz função e não perfeição. Para a espécie se desenvolver, basta que o organismo sobreviva o suficiente para passar seus genes adiante”, afirma Jeremy de Silva, antropólogo da Universidade de Boston, nos Estados Unidos, que apresentou uma palestra sobre o tema no Encontro Anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência, realizado entre os dias 14 e 18 de fevereiro em Boston, nos Estados Unidos.
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