As pesquisas com primatas em Mamirauá são uma das atividades essenciais realizadas dentro da Reserva. Aliás, pode-se dizer que um macaco chamado uacari-branco (Cacajao calvus calvus), de pelagem amarelo-claro e cabeça completamente pelada e vermelha, foi responsável pela implementação de Unidades de Conservação na região.
Tudo começou quando, na década de 80, o primatólogo José Marcio Corrêa Ayres 80 penetrou nas várzeas alagadas para estudar esta curiosa espécie de macaco. Encontrou ali muito mais do que a misteriosa Amazônia, com sua fauna e flora exuberantes. No meio de todo aquele mar doce, conheceu milhares de pessoas morando sobre as águas há várias gerações, vivendo e tirando dali seu sustento. Ideias perfilharam sua mente, seguidas de conversas e articulações nos órgãos governamentais. Em 1996, foi criada a Reserva de Desenvolvimento Mamirauá. A vizinha Reserva Amanã surgiu logo depois. Junto com o Parque Nacional do Jaú, as três formam um extenso corredor ecológico, fundamental para a permanência das comunidades e para conservação da biodiversidade.
As pesquisas com uacari tiveram uma longa pausa após o fim do doutorado do Marcio. Mas foram retomadas aos poucos, com estudos sobre distribuição da espécie e dieta alimentar. Atualmente, o biólogo Felipe Ennes Silva estuda a ecologia e comportamento destes primatas, e entre diversas perguntas, quer saber como a sazonalidade das inundações afeta seu padrão de comportamento, no percurso diário em busca de alimentos e em sua área de sobrevivência. Suas intenções e dos demais pesquisadores envolvidos é implementar um trabalho de pesquisa e acompanhamento a longo prazo.
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