Os astrônomos pensavam que a formação estelar envolvia simplesmente a
coalescência gradual de material sobre a influência da gravidade.
A formação de uma nova estrela é um processo
complexo: entre outras coisas, envolve a montagem de um disco
circunstelar, possivelmente pré-planetário em natureza, e ao mesmo tempo
a ejeção de material como jatos bipolares perpendiculares a esses
discos. Estes fluxos ajudam as jovens estrelas a
equilibrar o seu crescimento durante a acreção do material, mas ao
mesmo tempo perturbam o ambiente. Embora já se saiba da existência de
jatos em estrelas jovens há mais de vinte anos, as suas influências
sobre o ambiente têm permanecido incertas, em parte devido às nuvens de
poeira nas quais as estrelas se formam, que obscurecem o espectro
óptico. Astrônomos do Observatório Astrofísico
do Smithsonian em Cambridge, no estado americano do Massachusetts, Achim
Tappe, Jan Forbrich e Charlie Lada, juntamente com outros dois colegas,
usaram o espectrômetro a bordo do telescópio espacial Spitzer para
estudar um fluxo estelar jovem e relativamente próximo (objeto Herbig
Haro 211, ou HH211). Já se sabia que este jato
veloz, à medida que escava o meio interestelar, chocava com gás; o
processo é muito parecido com um jato que se move mais depressa que o
som e cria uma onda de choque. Mas para o fluxo estelar jovem, vários
aspectos detalhados ainda permaneciam envoltos em mistério. Os
cientistas descobriram no espectro infravermelho um rico tesouro de
emissão brilhante produzida por pelo menos sete diferentes moléculas
excitadas pelo choque - hidrogênio molecular, água, dióxido de carbono,
monóxido de carbono, OH, HD, e uma espécie ionizada de HCO. Foram também
observadas inúmeras linhas atômicas. Os
astrônomos concluíram que o choque tem regiões distintas ao longo do seu
percurso e enquanto escava a nuvem natal a velocidades de cerca de 40
quilômetros por segundo. Na ponta, onde o jato subitamente encontra o
gás ambiente e diminui de velocidade, existe material ionizado e forte
emissão de hidrogênio molecular; mais perto da estrela, as temperaturas
dos gases e as densidades variam sistematicamente à medida que o gás
excitado começa a arrefecer. Podem ser
observados brilhantes nós ao longo de todo o jato, que são ou o
resultado de quentes aglomerados expelidos ou aglomerados previamente
existentes que colidiram com o jato à medida que este passava por lá. O
novo artigo científico está entre os primeiros a descobrir e a analisar
a complexa radiação infravermelha das ondas de choque em torno de
estrelas recém-nascidas, e abre a porta para novos métodos de estudar o
ambiente das regiões de formação estelar.
Source: http://cosmonovas.blogspot.pt/2012/05/anatomia-de-um-fluxo-estelar.html |