Passou-se quase um mês desde a extraordinária notícia que neutrinos que viajavam entre a França e a Itália foram medidos com uma velocidade superior à da luz. A experiência, conhecida como OPERA, descobriu que partículas produzidas no CERN, perto de Genebra, chegavam ao Laboratório Gran Sasso em Itália cerca de 60 nanosegundos mais cedo do que a velocidade da luz permite. O resultado espalhou-se como um tsunami, criando uma onda de agitação por toda a comunidade da Física. Desde aí, foram publicados mais de 80 artigos no site arXiv que tentavam desacreditar ou explicar o efeito. É justo dizer, no entanto, que o consenso geral é que a equipa da experiência OPERA deve ter negligenciado qualquer coisa. A semana passada, Ronald van Elburg da Universidade de Groningen, nos Países Baixos, escreveu um argumento convincente onde explica o erro. Primeiro, um resumo da experiência, que tem um conceito simples: é uma medição de distância e tempo. A distância é elementar. A localização da produção de neutrinos no CERN é
O movimento relativista dos relógios a bordo
dos satélites GPS explicam exactamente o
efeito superluminal, afirma cientista.
relativamente fácil de medir usando GPS. A posição do Laboratório Gran Sasso é mais difícil de determinar pois situa-se por baixo de uma montanha com um quilómetro de altura. No entanto, a equipa da OPERA diz que determinou a distância de 730 km com um erro de 20 cm. A duração da viagem dos neutrinos é que é complicada de medir. A equipa diz que consegue medir com precisão o instante em que os neutrinos são criados e o instante em que são detectados usando relógios em ambos os locais. A parte complicada é manter ambos os relógios exactamente sincronizados. A equipa fá-lo usando satélites GPS, que emitem um sinal horário imensamente preciso a partir de órbita, a cerca de 20.000 km da Terra. Isto introduz um número de complicações extra que a equipa tem que ter em conta, tal como o tempo de viagem dos sinais GPS para o chão.
Source: http://www.ccvalg.pt/astronomia/noticias/2011/10/18_neutrinos_velocidade_luz.htm |