A matéria escura é um fenómeno cósmico misterioso que corresponde a 27% de toda a matéria e energia. Embora a matéria escura esteja sempre à nossa volta, não a podemos ver ou sentir. Mas os cientistas podem inferir a presença da matéria escura observando como a matéria normal se comporta em torno dela.

Esta imagem do Telescópio Espacial Hubble mostra a região interna de Abell 1689, um enorme enxame de galáxias. Os cientistas dizem que os enxames galácticos que vemos hoje resultaram de flutuações na densidade da matéria no início do Universo.
Crédito: NASA/ESA/JPL-Caltech/Yale/CNRS
Os enxames galácticos, que consistem em milhares de galáxias, são importantes para explorar a matéria escura porque residem numa região onde tal matéria é mais densa do que a média. Os cientistas pensam que quanto mais massivo é o enxame, mais matéria escura tem no seu ambiente. Mas uma nova pesquisa sugere que a ligação é mais complicada do que isso.
"Os enxames galácticos são como as grandes cidades do nosso Universo. Da mesma forma que podemos olhar para as luzes de uma cidade à noite, a partir de um avião, e inferir o seu tamanho, estes enxames dão-nos uma ideia da distribuição da matéria escura que não podemos ver," afirma Hironao Miyatake do JPL da NASA em Pasadena, no estado americano da Califórnia.
Um novo estudo publicado na Physical Review Letters, liderado por Miyatake, sugere que a estrutura interna de um aglomerado de galáxias está ligada ao ambiente de matéria escura em seu redor. Esta é a primeira vez que se mostra que uma propriedade, além da massa do enxame, está associada com a matéria escura.
Os investigadores estudaram cerca de 9000 enxames galácticos do catálogo de galáxias SDSS (Sloan Digital Sky Survey) DR8 e dividiram-nos em dois grupos consoante as suas estruturas internas: um, no qual as galáxias individuais dentro dos enxames estavam mais espalhadas, e o outro no qual estavam agrupadas mais intimamente. Os cientistas usaram uma técnica chamada lente gravitacional - observando como a gravidade dos enxames curva a luz de outros objetos - para confirmar que ambos os grupos tinham massas semelhantes.
Source: http://www.ccvalg.pt/astronomia/noticias/2016/01/26_materia_escura.htm |