Um novo estudo, que será publicado na edição de março do periódico
Planetary and Space Science, propõe que os planetas nasceram ao mesmo
tempo que o Sol, a partir de uma nuvem de gás fria. A ideia é contrária ao modelo mais aceito atualmente, uma variação da
hipótese nebular, segundo a qual planetas resultam de colisões que
ocorrem depois da formação da estrela a partir de uma nuvem quente e
achatada, na forma de um disco, conforme a figura acima. A hipótese
nebular é o modelo mais aceito para explicar a formação e evolução do
Sistema Solar. Foi proposto originalmente em 1734 pelo sueco Emanuel
Swedenborg e atualizado ao longo do século XIX e XX por muitos
cosmólogos. A variação mais aceita foi proposta pelo russo Victor
Safranov e pelo americano George Wetherill durante a década de 1970. De
acordo com a hipótese, as estrelas se formam dentro de densas e massivas
nuvens de hidrogênio. Depois disso, um disco de gás se forma em volta
da estrela, e planetas rochosos podem se formar a partir dele por meio
da colisão caótica de grandes pedaços acumulados de matéria. Os planetas
gasosos seriam formados por vários pedaços de gelo distantes da
estrela. Embora dominante, esta teoria não consegue explicar diversas
características do Sistema Solar, daí o interesse por novas hipóteses.
De acordo com os autores do estudo, Anne Hofmeister e Robert Criss,
ambos da Washington University em St. Louis, EUA, o modelo antigo não é
convincente ao tentar explicar por que os planetas se organizam em
órbitas, por que possuem movimento de rotação e por que os planetas mais
próximos do Sol são rochosos, e os mais distantes, gasosos. A
ideia apresentada por Anne e Criss usa as leis da física para explicar
por que uma nuvem de gás entrou em colapso formando o Sol e os planetas
ao mesmo tempo. Anne explica que o primeiro acontecimento foi a formação
de núcleos rochosos próximos do Sol. Esses núcleos se transformaram nos
planetas rochosos. "A nuvem de gás começou a se contrair, e os núcleos
rochosos se formaram para conservar a rotação da nuvem", diz. A
especialista explica que os núcleos também atraem gás, mas apenas quando
estão longe do Sol. "Só assim eles conseguiram competir com a força
gravitacional do Sol para atrair o gás para si". Isso explicaria a
formação dos planetas gasosos, como Júpiter e Saturno. O novo
modelo, afirmam os autores, explicaria também a formação de planetas
fora do Sistema Solar. Segundo os especialistas, o telescópio Hubble
ajuda a comprovar a proposta. O observatório já registrou estrelas
nascendo dentro de nuvens frias. Criss afirma que existem
evidências observáveis de que o modelo do disco achatado e quente está
errado. "Não faz sentido que um bando de colisões aleatórias entre
objetos pesados e maciços vá produzir um Sistema Solar com planetas
orbitando a estrela em um plano magnífico, com todos os mundos girando
para o mesmo lado”, diz. "Seria o mesmo que ativar uma bomba nuclear e
esperar que todas as árvores caiam de maneira organizada."