Como se fosse vinho em uma taça, vastas nuvens de gás quente são
sacudidas no Abell 2052, um aglomerado de galáxias localizado à
aproximadamente 480 milhões de anos-luz de distância da Terra.
Dados
obtidos das emissões de raios-X e apresentados em azul pelo
observatório de raios-X Chandra da NASA mostram o gás quente em seu
sistema dinâmico; dados obtidos da emissão na luz visível e captados
pelo VLT (Very Large Telescope) mostram as galáxias. O gás quente que
brilha em raios-X tem uma temperatura média de 30 milhões de graus. Uma
grande estrutura em espiral no gás quente, se espalhando por quase um
milhão de anos-luz, é vista ao redor da parte de fora da imagem,
envolvendo uma gigantesca galáxia elíptica no centro. Essa espiral foi
criada quando um pequeno aglomerado de galáxias se chocou com um
aglomerado maior que circundava a galáxia elíptica central. À
medida que o aglomerado menor se aproximava, o gás quente denso do
aglomerado central foi atraído pela sua gravidade. Após o aglomerado
menor ter passado pelo centro do aglomerado, a direção de movimento do
aglomerado reverteu e ele começou a viajar de volta rumo ao centro do
aglomerado maior. O aglomerado então passou novamente pelo centro do
aglomerado maior e sacudiu todo o material ali como se faz com uma taça
com vinho. No caso do vinho as paredes da taça empurram o vinho de volta
ao centro, onde no aglomerado a força gravitacional da matéria nos
aglomerados é puxada de volta. O gás agitado acaba tomando um padrão
espiral pelo fato da colisão entre os dois aglomerados não ter sido uma
colisão central. Esse tipo de mecanismo de
sacudida no Abell 2052 teve importantes implicações físicas. Primeiro,
ele ajudou a empurrar parte do gás mais denso e frio localizado no
centro do aglomerado, onde as temperaturas são cerca de 10 milhões de
graus, para longe do núcleo. Isso ajudou a prevenir futuro resfriamento
desse gás no núcleo e poderia limitar a quantidade de novas estrelas que
seriam formadas na galáxia central. Os movimentos de sacudida como
esses que aconteceram no Abell 2052, também redistribuíram os elementos
pesados, como o ferro e o oxigênio, que são forjados em explosões de
supernovas. Esses elementos são usados na futura geração de estrelas e
planetas e são necessários para a formação da vida como a conhecemos. As
observações feitas pelo Chandra no Abell 2052, foram relativamente
longas, durando mais de uma semana. Essa observação profunda foi
necessária para se detectar todos os detalhes que são visíveis nessa
imagem. Mesmo assim, um certo processamento foi necessário para revelar a
estrutura espiral mais externa. Em adição ao aspecto espiral de grande escala, as observações profundas
feitas pelo Chandra revelaram detalhes surpreendentes no centro do
aglomerado relacionados com explosões de um buraco negro supermassivo
central. Os dados do Chandra mostram claras bolhas sendo evacuadas pelo
material expelido do buraco negro, que são envolvidas por anéis densos,
brilhantes e frios. Como acontece com o movimento de agito, essa
atividade ajuda a prevenir o resfriamento do gás no núcleo do
aglomerado, impondo assim limites para o crescimento da galáxia elíptica
gigante e de seu buraco negro supermassivo.
Source: http://cosmonovas.blogspot.com/2011/12/o-aglomerado-de-galaxias-abell-2052.html |