As propriedades das galáxias que vemos hoje podem nos dar pistas importantes para entender a história do Universo.
Em particular a forma com que elas se aglomeram pode
fornecer uma escala característica do Universo (proveniente da oscilação
acústica dos bárions) que pode ser usada como uma régua padrão e
inferir o tipo da expansão cósmica. Em segundo lugar, pode-se usar esta
informação e calcular o conteúdo de matéria no Universo nas diferentes
formas: matéria ordinária, matéria escura, energia escura e neutrinos. Muitos
desses resultados são prejudicados pelo efeito de estarmos observando o
Universo de dentro de um sistema estelar, a nossa Galáxia. Ashley Ross e
colaboradores do Sloan Digital Sky Survey -III, incluído pesquisadores
do Observatório Nacional (ON), acabam de mostrar como esse efeito pode
ser compreendido. Por um lado, as estrelas da Galáxia, mesmo as de baixo
brilho, ocultam uma fração mínima de área de céu, onde existem
galáxias. Esta área é ínfima, cerca de um milionésimo de grau quadrado
por estrela, mas com dezenas de milhões de estrelas ela é substancial e
provoca a diminuição do número de galáxias observada. Por outro lado,
uma fração de cerca de 3% dos objetos selecionados fotometricamente como
galáxias, são na verdade estrelas. Estes efeitos precisam ser estimados
e considerados na determinação das propriedades de aglomeração das
galáxias. O primeiro passo deste estudo foi
selecionar cerca de 900.000 galáxias luminosas, ou seja, que podem ser
vistas até grandes distâncias. Essa amostra cobre o maior volume do
Universo até hoje usado para medida de aglomeração de galáxias, graças
ao bem sucedido desenvolvimento do projeto SDSS-III. A área analisada
atingiu 9913 graus quadrados, representando mais de ¼ da área total do
céu e inclui galáxias existentes até 6 bilhões de anos atrás. Distâncias
foram estimadas a partir das magnitudes observadas em 5 bandas
espectrais através de uma técnica denominada redshifts fotométricos. Uma
representação da distribuição dessas galáxias é mostrada na figura
acima, que representa a distribuição de galáxias luminosas observadas
pelo SDSS-III, com redshifts fotométricos entre 0,25 e 0,75. A nossa
Galáxia está no centro da figura e cada pequeno ponto verde representa
uma galáxia.. Usando diferentes métodos, a
equipe do SDSS-III mostrou em trabalho recentemente publicado, quanto
este efeito combinado de ocultação e contaminação pelas estrelas
interfere nas estimativas da aglutinação das galáxias e como podem ser
corrigidos. Ao final do levantamento, cada
galáxia, do total de cerca de 1 milhão, terá uma determinação de
redshift espectroscópica, com uma precisão superior às medidas
fotométricas, dotando esta amostra de condições sem precedentes para
estudar o Universo com grande precisão.
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