O fim do Universo não constitui propriamente uma
ameaça para nós ou o planeta, visto que a Terra terá desaparecido muito antes,
quando o Sol esgotar o seu combustível, daqui a uns 4,5 mil milhões de anos.
Porém, isso não tem impedido os especialistas de imaginar uma série de
possíveis cenários. E embora o mais provável seja que a expansão e a diluição
do Cosmos prossigam sem sobressaltos até nada dele ficar, existem teorias mais
apocalípticas, entre as quais se inclui a que foi agora evocada por Lykken.
Lykken falou do fim do Universo no mesmo dia em que o LHC, o grande esmagador
de protões do CERN, perto de Genebra, na Suíça, onde o bosão de Higgs foi
descoberto no ano passado. A massa do bosão de Higgs ronda os 126 GeV
(giga-electrão-volts).
O bosão de Higgs completa o elenco do Modelo-Padrão, que é a teoria que atualmente
melhor descreve o mundo das partículas elementares. Higgs só existe
materialmente durante instantes, quando é criado numa colisão de
protões dentro do LHC. No entanto, desempenha um papel fundamental: confere
massa às outras partículas, é por isso responsável pela existência da
matéria, exemplo nas galáxias, nas estrelas e nos
planetas, mas também em nós próprios e em todos as coisas que nos rodeiam.
Conhecendo-se a massa do bosão de Higgs e o valor de todos os parâmetros do Modelo Padrão, torna-se possível utilizar esse modelo para
"calcular" o destino do Universo. Lykken disse: "Esse cálculo diz-nos que, daqui a muitas dezenas de milhares de
milhões de anos, vai acontecer uma catástrofe". "Uma pequena bolha de algo a que poderíamos chamar de universo
"alternativo" irá surgir algures, expandir-se e destruir-nos." O
fenómeno, que segundo a teoria em causa se verifica ciclicamente devido à
instabilidade inerente do vácuo (designado por isso de "falso vácuo")
irá desenrolar-se à velocidade da luz, dando origem a outro Universo que nada
terá a ver com o actual.
Source: http://www.publico.pt/cultura/jornal/poderia-o-nosso-universo-acabar-engolido-por-outro-26099258 |