Algumas observações recentes indicam que os pulsares, ou buracos negros estelares, parecem ser mais velhos do que o Universo.
Os pulsares estão entre os corpos celestiais mais
exóticos que se conhece. Eles têm um diâmetro entre 10 e 20 quilômetros,
e concentram uma massa equivalente à do Sol. O resultado é uma emissão
de energia 100.000 vezes maior do que a do Sol. Recentemente,
descobriu-se que um pulsar mais denso do que a teoria considerava
possível. Em maio do ano passado, a Nebulosa do Caranguejo apresentou
uma ejeção inédita de raios gama, que os cálculos logo mostraram se
originar de um pulsar impossível de existir segundo os modelos atuais. Uma
família desses corpos celestes, chamada de pulsares de milissegundo,
gira centenas de vezes por segundo ao redor do seu próprio eixo. Desde
que o primeiro deles foi descoberto, em 1982, os astrônomos já
encontraram cerca de outros 200 desses pulsares, com períodos de rotação
entre 1,4 e 10 milissegundos. Essas estrelas de
nêutrons fortemente magnetizadas atingem essas altíssimas frequências
rotacionais acumulando massa e momento angular sugando uma estrela
próxima, com a qual formam um sistema binário. O
problema é que, ao calcular a idade dos pulsares e dos restos da sua
estrela companheira é possível alcançar a conclusão paradoxal de que
eles são mais velhos do que o Universo! Na
verdade, ainda não se chegou a uma explicação razoável nem para a idade,
nem para os períodos de rotação e nem para os fortíssimos campos
magnéticos desses estranhos "faróis estelares". O
pesquisador Thomas Tauris, do Instituto Max Planck, na Alemanha, fez
simulações computacionais que mostraram que os pulsares de milissegundo
podem não ser tão velhos quanto parecia. E ele fez isso apresentando uma
solução para o problema do desligamento dos pulsares. Por
meio de cálculos numéricos, feitos com base na evolução estelar e no
torque de acreção dos pulsares, Tauris demonstrou que os pulsares de
milissegundo perdem cerca de metade da sua energia rotacional durantes
os estágios finais do processo de transferência de massa de sua estrela
canibalizada, antes que o pulsar acione seu processo de emissão de ondas
de rádio. O elemento mais importante do estudo é que ele demonstra como o pulsar é capaz de quebrar seu equilíbrio rotacional. Nessa época, a taxa de transferência de massa cai, o que faz a magnetosfera do pulsar se expandir. O
resultado é que ele começa a arremessar massa de volta ao espaço, como
se fosse uma hélice, o que o faz perder energia rotacional e diminuir
seu período de rotação. Em outras palavras, é a expansão do campo magnético do pulsar que ajuda a diminuir sua velocidade de rotação. É
por isso que os pulsares que emitem ondas de rádio giram mais
lentamente do que seus progenitores, os pulsares emissores de raios X,
que continuam absorvendo matéria das suas estrelas doadoras. Além
de estar em concordância com as observações, isso explicaria porque os
pulsares de milissegundo dão a impressão de ser mais velhos do que os
restos das anãs-brancas que eles sugam. Isto
porque sua idade é calculada com base na sua rotação, mas até agora não
se conhecia essa variação na rotação induzida pela expansão do campo
magnético do pulsar - o que induz a cálculos de até 15 bilhões de anos
de idade para alguns pulsares, mais do que os 13,7 bilhões calculados
para o Universo. Segundo Tauris, o único
"relógio" em que se pode confiar para calcular a idade desses sistemas
binários são os restos da estrela companheira - mais especificamente, de
sua temperatura, uma vez que ela continua quente mesmo não sendo mais
capaz de queimar hidrogênio devido à perda de massa para o pulsar. O
trabalho também oferece uma explicação para a aparente inexistência de
pulsares ainda mais rápidos, na faixa dos microsegundos ou menos.
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