A Rússia espera acabar com uma ausência frustrante de duas décadas do
espaço profundo com o lançamento, na quarta-feira, de uma missão
ambiciosa de três anos para trazer uma amostra do solo de Phobos, uma
lua de Marte.
Os cientistas russos sonham em estudar o satélite em forma de batata
desde o auge das pioneiras incursões soviéticas ao espaço na década de
1960.
A poeira de Phobos, dizem, irá conter pistas para a génese dos
planetas do sistema solar e ajudar a esclarecer mistérios duradouros de
Marte, incluindo se ele é ou já foi adequado para a vida. Mas a missão
Phobos-Grunt, que vai custar 5 bilhões de rublos (US$ 163 milhões) está
sendo assombrada por memórias de fracassos passados nos esforços de
Moscovo para explorar Marte e suas luas.
Fig. 1 - Phobos (Lua de Marte)
"Marte sempre foi um planeta inóspito para a Rússia. Os Estados
Unidos têm tido muito mais sucesso lá", disse Maxim Martynov, projectista-chefe do projecto da NPO Lavochkin, a empresa líder no sector
aeroespacial russo que desenvolveu a missão Phobos-Grunt. A Rússia
manteve cosmonautas em órbita durante a década de 1990 e é agora o único
país com o ofício de transportar as tripulações da Estação Espacial
Internacional.
Mas o último voo interplanetário de Moscovo foi em 1988 ¿ antes do
colapso de 1991 da União Soviética. Aquela missão foi a segunda de duas
sondas soviéticas Phobos a falhar, perdendo o sinal a 50 metros da superfície
prateada da lua. Em 1996, uma sonda russa para Marte pegou fogo em um
lançamento que deu errado.
Enquanto isso, os Estados Unidos já registaram centenas de horas de
imagens em Marte, Índia e China enviaram sondas para a lua da Terra e o
Japão visitou um asteróide e trouxe amostras. Depois de tão longa
ausência, a missão Phobos-Grunt tornou-se um teste da indústria espacial
da Rússia após uma geração de orçamentos limitados. A perda de uma
oportunidade de lançamento para a missão em 2009 foi vista como a razão
pela qual o ex-chefe da Lavochkin perdeu o emprego.
Este ano, o novo chefe da agência espacial russa disse que Moscovo super valorizou os voos espaciais tripulados e deveria mudar o foco para projectos com maior retorno científico e tecnológico. "Este é realmente
um projecto muito difícil, se não o mais difícil interplanetário até
agora", disse o cientista Alexander Zakharov, por trás de uma pilha de
papéis bagunçados e de uma maqueta de Phobos no Instituto de Pesquisas
Espaciais de Moscovo.
"Nós não temos uma expedição interplanetária bem-sucedida há mais de
15 anos. Nesse tempo, as pessoas, a tecnologia, tudo mudou. É tudo novo
para nós, de muitas maneiras estamos trabalhando a partir do zero",
disse. O lançamento está previsto para 0h16 no horário de Moscovo na
quarta-feira (18h16 de terça-feira no horário de Brasília). Depois de
uma viagem através de muitos milhões de quilómetros, o maior desafio
será o pouso da sonda em um mundo desconhecido e sem peso.
Os cientistas esperam que a sonda vá tocar um local plano e
encontrar chão macio o suficiente para fazer uma raspagem. "Qualquer
grande rocha perto da superfície pode fazê-la capotar", disse Zakharov.
"Estamos preocupados com cada fase única. É como nosso filho."
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