A psicóloga Susan Levine, especialista em desenvolvimento matemático
nas crianças e autora principal do estudo, afirma que estas "têm um desempenho melhor das que não brincaram com puzzles, em tarefas que põe à prova a sua habilidade de transformar formas”.
A capacidade mental de transformar formas é um importante para prever futuras carreiras nas ‘STEM’ (Science, Technology, Engineering and Mathematics), ou seja, nas áreas das Ciências, Tecnologias, Engenharias e Matemática.
O estudo é o primeiro que analisa os puzzles num cenário não forçado.
Nesta investigação de longa duração foram analisados 53 pares de pais de
diferentes meios sócio-económicos. A estes foi pedido que interagissem
com os seus filhos de forma natural em sessões de 90 minutos que
aconteciam de quatro em quatro meses e que foram registadas em vídeo.
Os pais com rendimentos mais elevados promoviam este tipo de jogo com
mais frequência. Tanto os meninos como as meninas que brincaram com
puzzles desenvolveram mais as habilidades espaciais.
No entanto, aos meninos eram dados puzzles mais complicados e os pais
tendiam a interagir mais com os eles quando estes brincavam, abordando
até conceitos de espaço, do que com as raparigas. Aos 54 meses, os
meninos tinham melhor desempenho em tarefas de ‘transformação mental’ do
que as meninas.
A psicóloga considera ser necessário realizar estudos que completem estes dados. "É
necessário perceber se os conceitos fornecidos pelos pais se reflectem
efectivamente no desenvolvimento das capacidades. Também queríamos
perceber a diferença no que concerne à dificuldade dos puzzles e à
interacção dos pais em relação ao sexo da criança”.
Neste momento, os investigadores estão a conduzir um estudo em
laboratório em que os pais têm de brincar com os mesmos puzzles com
meninos e meninas. "Queremos perceber se os pais dão os mesmos ‘inputs’ a meninos e meninas quando os puzzles têm o mesmo grau de dificuldade”.
A diferença da interacção dos pais com as crianças em conformidade com o
sexo pode estar relacionada com o estereótipo de que os rapazes têm
mais aptidões de visualização espacial.