Novo método prevê metabolismo de fármacos e toxicidade de químicos no fígado.Investigadores do Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica desenvolveram um sistema para prever o metabolismo de fármacos e toxicidade de químicos no fígado humano.
O método inovador, recentemente publicado no jornal Hepatology,
é um passo importante para a substituição da experimentação animal por
modelos de células em cultura (os chamados modelos in vitro) pois
reproduz melhor a complexidade dos sistemas vivos (in vivo), neste caso
de um órgão, o fígado.
O avanço consiste, por um lado, na
capacidade de manter células de fígado humanas (os hepatócitos) em
cultura durante longos períodos sob a forma de agregados de células
tridimensionais (os esferóides), com produção das enzimas hepáticas
responsáveis pela metabolização de fármacos. Por outro lado, é a
primeira vez que se desenvolve um sistema de cultura de hepatócitos
humanos que apresenta uma rede de canalículos biliares funcionais no
interior dos esferóides, recapitulando uma característica muito
importante da arquitectura do fígado, envolvida na sua função secretora.
Segundo informa um comunicado da iBET, o modelo tridimensional opera
como o fígado humano, reproduzindo várias funções deste órgão, sendo um
sistema mais fiável para realização de testes de toxicidade e
metabolismo pelas companhias farmacêuticas e podendo ser usado por
outros investigadores como ferramenta em estudos de doenças hepáticas.
Para além disso, sistemas que garantam a funcionalidade de células de
fígado abrem novas perspectivas na área clínica nomeadamente, para o
desenvolvimento de órgãos artificiais que poderão servir de suporte em
cuidados intensivos.
A inovação tecnológica deste trabalho é a utilização pela primeira vez
de bioreatores de tanque agitado com perfusão, um equipamento que
permite o fornecimento de nutrientes e oxigénio à cultura de hepatócitos
em condições específicas e controladas.
"O facto de conseguirmos manter a função hepática durante um mês
permite usar a mesma população de hepatócitos para o estudo da
metabolização de doses repetidas do mesmo fármaco, o que é essencial
durante o desenvolvimento pré-clínico que antecede a aprovação dos novos
fármacos”
, salienta a coordenadora do trabalho, Paula Alves.
O sistema desenvolvido pelos investigadores pode ainda ser melhorado e aplicado a outros órgãos cujos modelos
in vitro
disponíveis são pouco representativos. Entretanto, a equipa continua a
trabalhar neste projecto, bem como noutros que visam o desenvolvimento
de modelos in vitro de cérebro e de cancro.
2011-12-12
Source: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=52148&op=all |