Interior do manto lunar é rico em titânio2012-02-20 Ao contrário da Terra, a Lua não tem vulcões activos. Os traços do
passado vulcâncio deste satélite natural datam de há mil milhões de
anos. Os cientistas consideram Isto surpreendente porque dados recentes
de sismos lunares sugerem que existe muito magma líquido no interior da
Lua.
A equipa dirigida por Mirjam van Kan Parker e Wim van Westrenen, da
Universidade de Amesterdão, conseguiu perceber porque não há actividade
sísmica na superfície: as rochas derretidas no interior da Lua podem ser
tão densas que se tornam muito pesadas para virem à superfície. Para
chegarem a esta conclusão, os cientistas produziram cópias das rochas da
lua trazidas pelas missões Apolo. Depois, derreteram-nas sob as
temperaturas e pressões extremamente altas que se encontram no interior
da Lua e mediram as suas densidades com raios-X. Os resultados estão
publicados na
«Nature Geoscience».
O ano passado, cientistas da NASA publicaram
um novo modelo do interior da Lua, utilizando dados dos sismógrafos das
missões Apollo, que percorreram a Lua há cinco décadas.
Renee Weber afirma que as partes mais profundas do manto lunar, já na
fronteira com o pequeno núcleo metálico, estão parcialmente derretidas
em 30 por cento. Na Terra, esses corpos de magma tendem a mover-se para a
superfície levando a erupções vulcânicas.
Na Lua isso não acontece. A força motriz para o movimento vertical do
magma é a diferença de densidade entre o magma e o material sólido
circundante. Essa diferença faz com que o magma líquido se mova
lentamente para cima, como uma bolha. Quanto mais leve este é, mas
violento é o movimento.
Para determinar a densidade do magma lunar, os cientistas sintetizaram
uma pedra lunar em laboratório. Submeteram-nas a uma temperatura de 1500
graus e uma pressão de 45 mil bar.
É possível gerar estas condições extremas com pequenas amostras,
aquecendo-os com uma corrente eléctrica elevada e esmagando-as com uma
prensa. Através da utilização de um feixe de raio-X tornou-se possível a
medição.
"Tivemos de usar o mais brilhante feixe de raios-X do mundo para
essa experiência porque a amostra magma era muito pequena e estava
confinada a um recipiente maciço e altamente absorvente”
, explicam os investigadores.
Concluiu-se que quase todos os magmas lunares tinham uma densidade mais
pequena do que os sólidos que os rodeiam, tal como na Terra. Mas há uma
importante excepção que determina a diferença entre os dois corpos.
Pequenas gotículas de vidro rico em titânio encontradas pela missão
Apollo 14 produzem magma tão denso como as rochas encontradas nas partes
mais profundas do manto. Este magma não se consegue mover até à
superfície.
Source: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=53165&op=all |