Foi anunciada hoje a lista das "Top 10 Novas Espécies” de 2011, eleitas como
as mais curiosas do ano pelo Instituto Internacional para Exploração de Espécies da Universidade do Estado do
Arizona, nos EUA. Ela inclui uma aranha brasileira e uma cubo-medusa (um tipo de
água-viva) descoberta nas Caraíbas, mas descrita com a participação de
pesquisadores brasileiros.
A aranha é uma tarântula azul, maravilhosa, chamada Pterinopelma sazimai, em homenagem a
Ivan Sazima, um biólogo muito respeitado da Unicamp, que colectou
os primeiros exemplares dessa espécie na Chapada Diamantina, ainda na década de
70. (é comum na taxonomia — a ciência de descrever e classificar espécies —
haver um intervalo, às vezes bem grande, entre a descoberta de uma espécie e sua
descrição científica … porque às vezes a descrição é difícil e/ou faltam
taxonomistas para descrevê-la, especialmente num país megadiverso como o
Brasil, onde novas espécies são descobertas quase que diariamente … mas o que
vale como "data de nascimento” da espécie, cientificamente falando, é a data de
publicação do trabalho descritivo, não a data de descoberta na natureza). 
Fig. 1 - Pterinopelma sazimai A descrição, publicada na revista Zootaxa, foi feita por três
pesquisadores brasileiros, associados ao Instituto Butantan e à USP: Rogério
Bertani, Roberto Nagahama e Caroline Fukushima.
A cubo-medusa foi batizada de Tamoya ohboya, vem da
ilha de Bonaire, no sul das Caraíbas.
As cubo-medusas são para se olhar sem tocar, pois
"queimam” bastante a pele quando tocadas (como se costuma dizer, apesar de não
ser uma queimadura propriamente dita). Esta já era conhecida dos
mergulhadores há muitos anos em Bonaire, mas ninguém se tinha dado ao trabalho
de estudá-la. Até que, em 2008, Allen fez uma colecta científica e, finalmente,
se pôs a descrevê-la — sem saber ao certo se era uma espécie nova mesmo, ou
apenas uma variedade local de alguma espécie já conhecida. 
Fig. 2 - Tamoya ohboya A espécie conhecida mais parecida era a Tamoya
haplonema, de águas brasileiras, e por isso todo o trabalho comparativo que
serviu de base para descrever a nova espécie foi feito em colaboração com a
equipa de Tim, no Brasil, incluindo análises morfológicas e de DNA.
Uma curiosidade que colocou a Tamoya ohboya na lista das Top 10 não
é exatamente científica: foi o facto de o seu nome ter sido escolhido por meio de
um concurso aberto, em que mais de 300 pessoas submeteram propostas de nomes e
depois foi feita uma votação aberta para escolher o favorito. O nome vencedor,
"ohboya”, sugerido por uma professora do ensino fundamental nos EUA, é uma
referência à expressão "oh boy!”, que os americanos usam para demonstrar espanto
com alguma coisa…
Source: http://blogs.estadao.com.br/herton-escobar/ |