O excesso de água nos solos
poderá estar na origem do fenómeno geológico ocorrido em Marvão, no Alto
Alentejo, que resultou na abertura de uma cratera com cerca de 100 metros de
profundidade e 17 de diâmetro.
O geólogo Vítor Lamberto explicou esta terça-feira (dia 9 de Abril) à agência
Lusa que se trata de «um fenómeno típico» de zonas onde existem rochas
calcárias e que em Portugal existem situações «similares», embora «não tenham
esta dimensão».
O geólogo, que desenvolve trabalhos para instituições de investigação e rochas
ornamentais, relatou, no local, que a zona de Marvão possui grutas e o tipo de
rocha existente (calcário) tem tendência a «dissolver-se», formando as grutas.
«Aqui em Marvão, tivemos um ano de muita chuva. A água, nestas estruturas,
infiltra-se, circula no interior e, nos calcários, circula a grandes
velocidades, ou seja, o impacto que pode causar é maior», explicou.
Com a existência de rios subterrâneos, onde a água circula a grandes
profundidades e velocidades e perante um ano de muita chuva no Alentejo, Vítor
Lamberto indicou que esses rios «não conseguem dar vazão».
«Quando a água chega ao topo da gruta lava o material acumulado e esse
material, arrastado pela água, abate isto tudo. Por isso, a dimensão que isto
tem», referiu.
No entanto, o geólogo salientou que a cratera em Marvão é «interessante»,
devido à profundidade e com «três pequenos sumidores», mas fez questão de
sublinhar que este caso não representa um episódio de «extraterrestres».