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O geólogo dos 32 cometas
Há dez anos atrás, numa estrada australiana, perdia a vida um homem cujo nome ficou imortalizado num dos mais famosos cometas dos tempos modernos, o Shoemaker-Levy. Por muitos considerado o principal cientista planetário do século passado, Eugene Shoemaker foi uma daquelas pessoas cujo papel na história da exploração da nossa vizinhança cósmica é incontornável. Um dia, meio a brincar, afirmou que, seduzidos pelos seus novos instrumentos e tecnologias, os astrónomos do século XX tinham abandonado o Sistema Solar. Tinham-se aventurado cada vez mais longe, em busca das respostas às grandes questões: a origem das estrelas, das galáxias, do próprio Universo. E tinham esquecido o cantinho que naquele ocupavam. Mas um outro grupo de cientistas tinha ocupado o seu lugar. Geólogos e geofísicos debruçavam-se agora sobre os milhentos corpos do Sistema Solar, e tinham feito deste terreno órfão o seu campo de estudo.


                         Gene Shoemaker em 1965, com um modelo da superfície lunar

Esta pequena história, relatada por Richard Preston num livro de 1987, First Light, ilustra bem o que foi o percurso deste geólogo. E que lugar melhor para começar do que na famosa Meteor Crater, no Arizona? Durante muito tempo foi debatida a origem desta estrutura, que alguns atribuíam à actividade vulcânica. Foi Gene Shoemaker quem fez a cartografia detalhada da área, na preparação do seu doutoramento em Princeton, nos finais dos anos 50. Depois de comparar a morfologia da cratera com as formas deixadas por explosões (particularmente as de origem nuclear), chegou a uma conclusão clara: a de que a cratera se devia a um impacto, ao choque com a Terra de um corpo vindo do espaço, com cerca de 30 metros de diâmetro, viajando a perto de 20 km/s (portanto, muito mais depressa do que o som); este processo libertou uma tremenda quantidade de energia e escavou o terreno, deixando a forma que ainda hoje se pode observar. Uma outra prova desta origem era a presença de um mineral, a coesite, que apenas se forma sob pressões colossais. Alguns anos depois, foi também Shoemaker quem o descobriu em rochas na região de Ries, na Alemanha (de facto, o mineral foi encontrado nas pedras de que é feita uma igreja local), o que permitiu concluir que também essa misteriosa estrutura se devia a um impacto meteorítico.

Source: http://www.portaldoastronomo.org/cronica.php?id=80
Category: Geólogos | Added by: sn0w (2012-03-22)
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