A
coordenadora da candidatura das ruínas de Mbanza Kongo, Angola, a património da
humanidade afirmou hoje que o Governo tem até Julho de 2012 para apresentar o
dossiê à UNESCO e considerou que já existem indícios para sustentar a
inscrição.
Segundo a arqueóloga Sónia da Silva António, coordenadora do projecto «Mbanza Kongo, cidade a desenterrar para
preservar», do Ministério da Cultura angolano, decorrem actualmente os
trabalhos de escavação na área classificada daquela cidade para procurar as
provas arqueológicas de que a antiga capital do reino do Kongo tem um valor
universal excepcional.
Formado no século XIII, o reino do Kongo
tinha seis províncias e ocupava parte dos atuais territórios de República
Democrática do Congo (RDC), Congo Brazzaville, Gabão e Angola. Mbanza Kongo
ainda hoje preserva as ruínas daquela que pode ter sido a primeira Sé Catedral
erguida ao sul do Saara, denominada Kulumbimbi e construída no século XVI,
testemunha da presença portuguesa na região.
Sónia António, que desde segunda-feira se encontra em Mbanza Kongo acompanhada
de dois arqueólogos da Universidade de Yaoundé, Camarões, para mais uma missão
científica, reconheceu que ainda há muito por pesquisar, mas que existem já
indícios que podem sustentar a inscrição das ruínas na agência das Nações
Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
Fig. 1 - Mbanza Kongo é cidade a desenterrar para preservar
Prospecção geofísica
Admitindo que os trabalhos arqueológicos possam levar anos, Sónia António
afirmou que enquanto decorrem as escavações se podem ir canalizando as provas
já obtidas ao comité do património mundial.
Entretanto, para acelerar os trabalhos, será necessária a utilização do método
de prospecção geofísica e não pedestre, que está ser empregue até agora: "Vamos contar dentro de sete dias com
uma empresa especializada em prospecção geofísica para identificar com radares
onde estão situadas as estruturas soterradas da cidade de Mbanza Kongo”.
Segundo a especialista, a técnica permite identificar com rapidez e maior
precisão as estruturas existentes debaixo da terra. Segundo fontes
bibliográficas de que dispõe a equipa, a cidade tinha 12 igrejas, conventos,
escolas, palácios e residências que deverão ser facilmente identificados com o
sistema de radares.
Os 50 hectares da área de protecção das ruínas deverão sendo progressivamente
alargados em consequência das escavações arqueológicas, já que até agora se
desconhece até onde se estende a parte histórica da cidade.
Sónia António manifestou-se preocupada com a falta de quadros especializados,
já que em Angola há apenas dois arqueólogos, o que tem levado a equipa a
recorrer a especialistas de universidades europeias, africanas e americanas.
Caso Mbanza Kongo venha a ser declarada "património
mundial”, a cidade vai contar com um centro de pesquisa e interpretação
sobre o Reino do Kongo. O projecto foi lançado em 2007 e visa a preservação do
património e, em última instância, o reconhecimento de Mbanza Kongo como
património mundial. Estas ruínas são um dos onze sítios inseridos na lista
indicativa de bens angolanos a património mundial da UNESCO.
Source: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=52112&op=all |