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Equipa portuguesa cancela expedição na Síria

Projecto arqueológico parado devido a conflitos na região


Local das escavações em Nabada. <br> Imagem: Projecto Tell Beydar
Local das escavações em Nabada. 
Imagem: Projecto Tell Beydar
Uma equipa de arqueólogos portugueses que deveria prosseguir em Setembro escavações emTell Beydar, na província síria de Hassake, foi obrigada a cancelar a expedição devido aos conflitos na região, segundo disse a coordenadora do projecto.

"Já tínhamos os bilhetes comprados, tínhamos tudo organizado, mas tivemos de cancelar devido aos acontecimentos” disse Maria da Conceição Lopes, docente da Universidade de Coimbra e coordenadora da equipa portuguesa.
As escavações em Tell Beydar, antiga cidade de Nabada, da responsabilidade da rede ECUMS – Centro Europeu de Estudos da Alta Mesopotâmia, e que desde 2009 tem representação portuguesa, ficam este ano impossibilitadas de prosseguir, já que além da missão portuguesa, também as outras equipas internacionais da rede, incluindo Alemanha, Bélgica e Itália, tiveram de cancelar as viagens.

Esta missão, que tem vindo a acontecer anualmente na altura da primavera, já havia este ano sido adiada para Setembro, devido aos primeiros protestos contra o governo da Síria, mas também fruto do ambiente de crise, que se fez sentir também nos fundos disponíveis para o projecto, que é em Portugal também apoiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.

A equipa portuguesa é responsável pelos trabalhos que permitem "melhor identificar os níveis de ocupação do período helenístico” neste local, um período "muito pouco conhecido” e que pode trazer novas informações sobre esta cidade e a região, que remonta à origem da escrita na Alta Mesopotâmia.

Teses comprometidas

No âmbito deste projecto, dois dos membros da equipa portuguesa, a fazer doutoramento com a Universidade de Coimbra, vêem agora também comprometida a realização das suas teses. No entanto, Maria da Conceição Lopes afirma que há "material para continuar a trabalhar sobre essa problemática” e a equipa não estará parada: "Não vamos para o campo, mas estamos a colaborar com as redes, vamos reformular os trabalhos, tendo em conta as dificuldades”.

Equipa internacional (2009). <br> Imagem: Projecto Tell Beydar
Equipa internacional (2009). 
Imagem: Projecto Tell Beydar
A especialista manifestou confiança de que o projecto na Síria regressará ao campo já no próximo ano. Questionada sobre se está preocupada com a segurança do sítio arqueológico, Conceição Lopes disse estar convicta de que "o sítio está protegido” e será cuidado pelos populares, que "são muito fiéis ao seu património”.

Embora se mantenham os contactos com a equipa síria no terreno, a investigadora afirma ser difícil perceber o real estado da situação, até porque a informação que passa "é pouca”. Todos os grupos estrangeiros têm de incorporar uma equipa síria nos trabalhos, que neste momento se vê também impossibilitada de continuar os trabalhos de campo.

Para a protecção do sítio, a coordenadora conta também com o facto de as contestações serem mais nas zonas urbanas, sendo que Tell Beydar se encontra numa aldeia, embora bem perto da cidade de Hassake (Al-Hasakah), local onde têm sido sentidos os confrontos que desde meados de Março vêm a intensificar-se na Síria. Manifestações em massa contra o regime de Bachar al-Assad têm ocorrido em diversas cidades sírias, provocando milhares de vítimas.


Source: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=50429&op=all
Category: Paleontologia | Added by: RitaSargento (2012-06-06)
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