Dirigido por Peter Parham (Universidade de Stanford), o estudo permitiu
conhecer os genomas tanto de Neandertais como de hominídeos de
Denisova (espécie recentemente descoberta na gruta de Denisova,
Sibéria).
Investigações anteriores tinham já sugerido que o cruzamento entre
estes três hominídeos que habitavam o planeta há 60 mil anos aconteceu
na Eurásia, razão pela qual se identificou 2,5 por cento de DNA
Neandertal em todos os humanos não africanos. Também se detectou parte
de DNA denisoviano em populações asiáticas, sobretudo na Melanésia, onde
a percentagem de DNA ancestral ascende a seis por cento.
O que este estudo traz de novo é a importância da hibridação. As
atenções dos investigadores centraram-se no sistema sistema antígeno
leucocitário humano (HLA), pois este está submetido à pressão das
doenças e entra facilmente em mutação.
A comparação das sequências genómicas mostrou que vários genes do HLA
(como o B*51 e o C*07) eram próprios da evolução dos Neandertais e
passaram para as populações de sapiens. O mesmo se passava com
uma região chamada HLA classe I. As percentagens da presença entre os
europeus era de 50 por cento, nos asiáticos de 80 por cento e nas
populações da Papua Nova Guiné até 95 por cento. No entanto, não se
encontrava entre a população africana.
Foram também encontrados nos asiáticos genes próprios do genoma dos hominídeos de Denisova.
Os autores defendem que a mestiçagem com outras espécies melhorou os
humanos modernos para os defender de patogénicos presentes na Europa e
na Ásia. Trata-se, afirma, de um "exemplo claro de selecção natural”: aqueles que possuíam os genes protectores, ou seja, os híbridos, ficaram mais aptos para sobreviver.
Artigo: The Shaping of Modern Human Immune Systems by Multiregional Admixture with Archaic Humans