Australophitecus sediba viveu há cerca de dois milhões de anos,
mas os seus fósseis só foram descobertos em 2008 na localidade de Malapa, perto
de Joanesburgo, África do Sul.
Seis artigos publicados na revista Science descrevem meticulosamente a anatomia
deste antepassado dos humanos modernos e revelam que o seu bipedismo era
diferente do dos outros australopitecos conhecidos, como a Lucy, da espécie Australophitecus
afarensis, com 3,2 milhões de anos.
Jeremy DeSilva e colegas, das universidades de Boston (EUA) e de
Witwatersrand (África do Sul), estudaram as extremidades inferiores de dois
esqueletos parcialmente conservados de Australophitecus
sediba. E, concluíram que as anatomias do calcanhar, do pé, do
joelho, da anca e das costas desses esqueletos são compatíveis com um hominídeo
bípede "que apresentava uma hiperpronação” ,ou seja, pé chato. O que fazia
com que andasse com os pés muito virados para dentro.
DeSilva diz que hoje em dia, as
pessoas com este tipo de marcha têm problemas nas articulações. Mas o Australophitecus sediba conseguia compensar os efeitos do pé
chato, com um reforço da articulação do joelho.
Peter Schmid, da Universidade
de Zurique (Suíça), e colegas da Universidade de Witwatersrand focaram-se na
anatomia do tórax, cuja forma é nitidamente cónica. E daí deduziram que esta
espécie não deve ter conseguido andar ou correr tão bem.
A anatomia dos seus longos
braços, fazia deste humano primitivo um hábil trepador, tal como os outros
australopitecos. O seu cérebro era pequeno, mas o Australophitecus
sediba tinha
dentes surpreendentemente parecidos com os dos humanos modernos.